sábado, 21 de novembro de 2009

Debate sobre direitos autorais fecha o ciclo de debates do Festival de Cultura do Paraná 2009

O debate “Cultura Livre, Direitos Autorais e O Movimento Música Para Baixar” aconteceu hoje (21/11) no pátio da Reitoria da UFPR, finalizando o ciclo de debates do Festival de Cultura do Paraná 2009. O encontro reuniu representantes do grupo musical “Eu, Você e Maria”, da banda “Nuvens” e o DJ Manolo com alguns interessados no tema. A discussão principal do debate se concentrou na questão dos direitos autorais, relacionado ao embate entre a necessidade de sobrevivência do artista e a divulgação da arte em benefício da cultura geral.

O vocalista da banda Nuvens, Raphael Moraes, participante do evento, afirma que a discussão deve se focar em descobrir outras formas de organizar a economia cultural. Ele defende que a indústria cultural tradicional precisa se adaptar aos novos modelos, principalmente com a participação fundamental que a Internet desempenha neste espaço. “Eu não sou ‘xiita’ em nenhum momento em relação a esta questão, mas com certeza penso que o artista deve ser entendido como profissional, ou seja, ele deve ter condições de sobreviver por meio da arte”, afirmou o músico de 25 anos.

Raphael também explicou alguns pontos fundamentais e planejamentos para o futuro do Movimento Música Para Baixar. O Movimento consiste numa iniciativa de envolvimento de grupos culturais do país, buscando novas formas de produção e distribuição cultural. Uma das principais discussões do Movimento é a questão dos direitos autorais. “Há um trabalho que direciona o debate para a flexibilização dos direitos autorais – que não podem deixar de existir”, afirma Raphael. Além disso, ele também pontuou outros projetos do Movimento: a realização de um festival nacional e a discussão da criminalização do “jabá” nos veículos de comunicação. O “jabá” consiste no pagamento a certo meio de comunicação, por parte de um artista, para que aquele veicule a produção deste, em detrimento de outros.

Ju Fiorezi, membro do grupo Eu, Você e Maria, entende que o movimento cultural é mais forte com um envolvimento maior entre grupos independentes. Nani Barbosa, outra integrante do grupo, completa: “Nós já fizemos parcerias com músicos de outros estados sem nem mesmo conhecê-los pessoalmente, e o resultado foi sensacional”.

Outra questão levantada foi a remuneração dos artistas. “O produto principal do artista passa a ser, então, o espetáculo, a performance. A música em si já não é mais o produto”, disse Ju.

Mônica Kimura, consultora de comunicação do projeto Cultura Viva, do Ministério da Cultura, também esteve presente no debate. Entre outras questões, ela pontuou a necessidade de maior investimento e dedicação à formação cultural dos indivíduos. “Nesse plano, as mudanças fundamentais ocorrem de geração para geração, ou seja, o que nós fizermos agora refletirá na próxima geração, ou quem sabe na outra depois desta”, afirma Mônica.

“Este material foi produzido por Guilherme Sobota, estudante de Jornalismo da UFPR, e faz parte da Comunicação Compartilhada do Festival de Cultura do Paraná. A iniciativa consiste no entendimento da comunicação como ação política e não apenas como canal de circulação de informações. Trata-se de um processo de interpretação da realidade desenvolvido colaborativamente em contraposição à lógica competitiva da mídia de massas. Para saber mais, acesse: http://cc.nosdarede.org.br

Um comentário:

  1. Olá Guilherme!
    Tão fundamental quanto o próprio debate é a abertura destes espaços onde a discussão pode chegar até pessoas que não estavam presente, fomentando a cultura e promovendo ação cultural.

    Parabéns!

    Ju Fiorezi
    Eu, Você e Maria

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